O escritor Lino de Albergaria nos fará uma visita dia 14 de setembro às 8 horas.
Estamos nos preparando com alegria para receber o criador de Miguel, protagonista da história do livro Miguel e o sexto ano.
Vamos conhecer um pouco mais sobre seu trabalho e sua dedicação à literatura,
É uma honra e um prazer.
O autor de muitas obras comemora 30 anos de trabalho.Temos muitos motivos para festejar.
Seja bem-vindo Lino de Albergaria!
Conheça um pouco mais sobre o autor.
"Formado
em Letras e Comunicação, com mestrado em Editoração na Universidade de Paris,
Lino de Albergaria nasceu em Belo Horizonte e morou durante algum tempo no Rio
de Janeiro e São Paulo. Escreveu e publicou diversos contos em suplementos
literários e revistas de todo o país. Tem histórias infantis publicadas na
Bélgica. Autor de romances para o público adulto, a maior parte de seus
livros é dirigida para o público juvenil. É doutor em Literaturas de Língua
Portuguesa e também fez várias traduções de originais franceses".
Lino de Albergaria nasceu em
Belo Horizonte, no dia 24 de abril de 1950, irmão mais novo de uma família de
cinco filhos. A cidade, nas lembranças de sua infância, tinha muito mais
árvores e as ruas eram de paralelepípedos, depois transformados em asfalto. Sobre
esse chão, ainda havia os trilhos por onde corriam os bondes. Bandos de pombos
cruzavam o céu de seu bairro e eram comuns os cachorros vira-latas, hoje
desaparecidos como os pardais substituídos pelos bem-te-vis. Não fazia tanto
calor, as noites eram mais frias, os prédios não eram tantos. Como a maioria
das casas, aquela em que se criou, na rua Espírito Santo, perto da avenida do
Contorno, tinha quintal, onde cachorros e galinhas conviviam com árvores de
frutas: jabuticaba, manga, abacate, pitanga e goiaba.
As
famílias vinham geralmente do interior, raros eram os pais e praticamente
inexistentes os avós nascidos na capital de Minas. Seu pai, que trabalhou com
presidiários e crianças abandonadas, já gostava de ler e escrever. Sua mãe
gostava de encadernar livros cujas capas gravava com letras douradas. Até que
um dia quebrou a mão e não teve mais a força necessária para trabalhar com o
couro. Passou a pintar pratos de porcelana e caixinhas de madeira. Tanto o pai
quanto a mãe nasceram em fazendas e os filhos costumavam passar as férias num
sítio que o pai tinha herdado. Ali, além de mais rústico, tudo era diferente da
cidade, sobretudo os cheiros e os barulhos, além dos hábitos e das conversas
das pessoas.
Mas, na
cidade, tinha um cômodo cheio de livros, o escritório do pai, quando trabalhava
em casa, e também sua biblioteca. As primeiras histórias o menino ouviu em
discos coloridos. Um deles era azul e contava a história de Ali Babá. Um dia
ele abriu a porta da biblioteca vazia, depois de ter pela centésima vez
escutado o disco. Lá dentro estava escuro, as paredes cobertas de livros dentro
de estantes também escuras. Era misterioso como a caverna de Ali Babá. Ele
podia dizer "Abre-te, sésamo" e os livros que ainda não conseguia ler
piscavam os olhos para ele. As figuras os espiavam das capas, e o papel se
entregava à exploração de suas mãos, quando puxava um ou outro volume para
debaixo da mesa também escura, aonde se escondia do mundo, pensando em Ali Babá
e na caverna dos tesouros. Um dia, ousou, pegou um lápis que tinha duas pontas,
uma azul e outra vermelha, que era comum naquele tempo, e sobre as páginas de
um livro rabiscou outro. Era sua primeira tentativa, ainda sem conhecer as
letras, de ter um livro feito por ele.
Rapidamente,
antes de entrar para a escola, aprendeu a ler. Continuou freqüentando o espaço
debaixo da mesa na biblioteca vazia, que era calma, escura, uma caverna para
onde fugir com os livros e se esquecer do quintal, das árvores, dos cachorros,
da galinha Ximbica. Fez o curso primário, sempre gostando de escrever, num
colégio que não durou muito, o Instituto Ariel, cujo nome vinha de um
personagem de Shakespeare e fora dado por um poeta, Abgar Renault. Descobriu a
adolescência em outra escola, bem perto de sua casa, o Colégio Estadual, com
suas construções de formas tão inusitadas e que diziam lembrar os objetos
escolares. O auditório, pelo menos, parecia os antigos mata-borrões e a caixa
d'água, um giz. O arquiteto que imaginou aquele prédio chamava-se Oscar
Niemeyer. Embora começasse a estudar literatura na escola, ainda não entendia a
ligação de seus dois colégios com as pessoas e as idéias do modernismo. Também
não pensava que aqueles eram os ares do seu tempo e quando, ainda aos dez anos,
foi ver Juscelino Kubitschek na praça da Liberdade, apenas sabia que aquele
homem era o presidente que havia mudado a capital.
Fez duas
faculdades, uma pela manhã, outra à noite, Letras, ainda na rua Carangola, a
poucas quadras de sua casa, e Comunicação, no Coração Eucarístico, que parecia
tão longe. Os tempos mudavam, a cidade crescia, o governo era militar. Nasceu a
vontade de conhecer o mundo, a liberdade parecia estar do outro lado do mar.
Trabalhou um pouco, como redator de jornais de empresa, e logo que pôde, partiu
para a França, pela primeira vez longe de sua cidade. Paris era todos aqueles
cartões postais conhecidos, só que em movimento e uns se ligando aos outros, a
pé ou de metrô. Era estranho caminhar sob a terra, como um tatu, e depois sair
de novo para a luz, uma luz esmaecida, tão diferente da luminosidade intensa de
Belo Horizonte. Uma boa parte do ano, Paris era cinza. De trem, seguia para o
curso de editoração em Villetaneuse. De ônibus para Petit-Clamart, onde nevava
de verdade e havia pinheiros sempre verdes, para o estágio na biblioteca
infantil. Do outro lado do Atlântico, reencontra o escritório do pai, o mundo
dos livros, que aprende a fabricar. O contato com as crianças faz com que
escreva as primeiras histórias infantis, na verdade adaptações de contos
populares.
No
retorno ao Brasil, para trabalhar com os livros, vai viver em São Paulo. O
escritor e o editor encontram espaço. Trabalha na Editora FTD, faz uma coleção
didática e depois se dedica às coleções de literatura para os jovens. Tem uma
curta passagem pelo Rio, assistindo a Rio Gráfica se transformar em Editora
Globo. Além de editar outros autores, publica seus próprios textos em diversas
casas de diversas cidades do país. Volta a São Paulo, faz free-lance para as
revistas da Editora Abril. Assiste, nesse tempo, à redemocratização do país.
Experimenta uma constante inquietação, a vida seguindo provisória e com gosto
de aventura.
Ao
voltar para Belo Horizonte, quer ter tempo para escrever e estudar. Escreve
dois romances para adultos, um deles finalista da Bienal Nestlé de Literatura e
o outro premiado no Concurso do Estado do Paraná e ainda finalista do Prêmio
Jabuti. Passa a fazer um mestrado de literatura, em que compara aquele momento
da literatura infantil com o florescimento dos folhetins no século XIX. Volta a
trabalhar como editor, nas Editoras Lê e Dimensão. Sem abandonar os estudos,
faz o doutorado. Escolhe como tema a cidade de Ouro Preto e o modernismo, na
confluência dos trabalhos de Lucio Costa, Cecília Meireles e Guignard. O
fascínio por Ouro Preto é a descoberta do contraponto de Belo Horizonte,
perante a memória de um passado que Paris tem presente. Mas os livros
continuam. Há um certo compromisso com os leitores e sobretudo com a escrita.
Talvez por ainda haver uma dívida com a infância. A semente do sésamo tem de se
abrir e se reproduzir, sempre em uma nova planta.
Fonte;http://www.caleidoscopio.art.br/linodealbergaria/biografia.htm
foi muito legal a visita do lino de albergaria no colegio
ResponderExcluirfoi muito legal a visita do lino de albergaria no colegio
ResponderExcluir